2020: as sopas de letras partidárias voltam a atacar!

Numa recente edição do programa ‘Canal Livre’ (Band TV – aberta), os convidados para discutir fake news e seu impacto nas eleições de 2018 eram dois filósofos e um economista. Os únicos ‘comunicólogos’ – que comunicólogos não se consideram, preferindo a carteirinha da FENAJ – presentes eram os dois jornalistas da Casa.

Como temos feito bienalmente a cada ano de eleições no Brasil, desde 2014, em 2020 faremos uma leitura dos discursos institucionais – político-eleitorais – dos partidos brasileiros, oferecendo ao internauta que nos visita uma visão um tanto quanto diferente daquela dada por estatísticos, filósofos e sociólogos.

Voltando ao ‘Canal Livre’; pois não é que no calor dos debates sobre a influência das redes sociais – sobretudo do WhatsApp – no pleito eleitoral, os jornalistas ali presentes eximiram-se de suas opiniões e reflexões? Estavam ali para controlar o tempo e chamar o intervalo comercial – uma lástima!

Já tivemos oportunidade de comentar a falta que faz ter comunicólogos discutindo… comunicação político-eleitoral. Como pontificou Cid Pacheco – professor da ECO-UFRJ e consultor, já falecido, ‘voto é marketing, o resto é política’. Ora, não se tem notícia de doutos futurólogos e outros ólogos ‘puros’ dedicarem-se com amor ao estudo da comunicação de marketing.

Jornalismo é uma ciência social aplicada – isto é o que nos diz o sistema de ciência brasileiro (CNPq-CAPES). Sempre impliquei com o termo ‘aplicada’ – presente única e exclusivamente, em minha opinião, para rebaixar jornalistas, publicitários, errepês etc. E, por isso, insisto – inclusive com meus alunos atuais, na Faculdade de Administração e Finanças da UERJ, também futuros cientistas sociais ‘aplicados’, que devem postar-se, em qualquer debate interdisciplinar, à altura de seus colegas do Direito, da Ciência Política e da Sociologia, sem qualquer complexo de inferioridade intelectual.

Aqui, neste OCI, não. Comunicação é assunto para comunicólogos. E procuramos cumprir o nosso papel desvendando as representações que os discursos trazem – ou não. Vide os infográficos (tipo ‘quer que eu desenhe?’) que produzimos nos últimos anos de leitura dos discursos – institucionais dos partidos políticos – que deveriam ser considerados os mais importantes numa democracia digna da alcunha, muito antes e muito mais que o bla-bla-bla da fala de cada candidato em si, com autoelogios, bravatas e promessas.

2014 – Leitura informal do discurso institucional dos partidos políticos brasileiros – pleito nacional (eleições proporcionais e majoritárias)

2016 – Leitura do discurso das coligações ao pleito municipal para prefeito – caso de Niterói

2018 – Leitura do discurso das coligações aos pleitos estaduais para governador – casos de Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul

A partir deste clipping – matéria de Merval Pereira publicada anteontem na página 2 do jornal O Globo – que bem descreve o quadro em seu início, neste 2020 eleitoral, vamos prosseguir durante o ano com a análise que, se cabe a muitos outros especialistas, não pode estar fora do radar dos estudiosos da Comunicação.

Sobre Marcondes Neto

Bacharel em Relações Públicas pelo IPCS/UERJ. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP, sob a orientação de Margarida Kunsch. Professor e pesquisador da Faculdade de Administração e Finanças da UERJ. Editor do website rrpp.com.br. Secretário-geral do Conrerp / 1a. Região (2010-2012).