Pesquisa OCI 'Eleições 2016' em Niterói exemplifica a Babel político-partidária brasileira... E em 2018 tem mais!

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O que se diz é importante. Em nossa língua ou em qualquer outra.

Em recente artigo – republicado aqui, neste portal, em 12 de agosto último -, William Kennedy Smith & Jean Kennedy Smith, respectivamente, sobrinho e irmã de John Kennedy e Robert Kennedy – ambos assassinados – lembram-nos de que ‘a verdade é que as palavras importam, especialmente quando se trata de candidatos presidenciais’.

‘Personal branding’

Se na internet – porventura – aparecerem referências desabonadoras ou meramente inverídicas sobre você ou sua organização, e considerando que tanto você quanto seu negócio constituem ‘marcas’ pessoais (de personalidade física ou jurídica), como evitá-lo? Teria você alguma responsabilidade sobre o que publicaram sobre… você? Hoje mesmo, n’O Globo, Veríssimo escreve : ‘A internet multiplica textos apócrifos, e não há o que fazer a não ser se resignar’.

Tendo em vista que websites colaborativos – como é o caso da Wikipédia –, por sua própria constituição, são ‘abertos’, há que se exercer o direito (ou o dever) de você mesmo oferecer outra versão (ou correção), quanto a uma dada informação equivocada a seu respeito.

Vejamos o que diz sobre este aspecto a pesquisadora especializada em internet, Carolina Terra, doutora pela USP, convidada a comentar os achados da ‘Leitura Informal do Discurso Institucional dos Partidos Políticos Brasileiros’, pesquisa deste OCI publicada em setembro de 2014: ‘Em tempos de conteúdo gerado pelo internauta, a veracidade das informações, muitas vezes, cede espaço ao imediatismo e à credibilidade das plataformas de mídias sociais em detrimento da informação em si. É o que acontece com informações publicadas e disponíveis em sites como Wikipédia, YahooRespostas, ReclameAqui, entre outros blogs, postagens nas redes sociais online etc. No caso da pesquisa do OCI em questão, nota-se que tudo pode parecer igualmente relevante e legítimo ao eleitor à medida em que está na internet. Em um processo de busca e mineração da informação (data mining), o cidadão pode ter como verídicas as informações a respeito das agremiações políticas que estão na rede, às vésperas das eleições, sem que estas possam tomar conhecimento do que está sendo dito a seu respeito’.

Ou seja; o leitor sempre atribui algum nível de credibilidade ao que encontra na internet; logo, é preciso inteirar-se do que está sendo dito sobre você por lá. E procurar corrigir o que precisar ser corrigido. Você também é responsável.

Voltando à nossa análise sobre o pleito de hoje, quais serão os limites para promiscuidade ideológica? Seja qual for, parece que já os ultrapassamos, todos, no Brasil. E quando será, então, que o eleitor brasileiro vai dar seu basta? Cartas para a redação.

Quem lê tanta notícia?

Nós, do Observatório da Comunicação Institucional, pesquisadores da ‘comunicação sobre si’, vimos alertando desde a nossa fundação – em 2013 -, para a incoerência absoluta que há em coligações (ou ‘coalizões’), por exemplo, de um DEM com um PCdoB, ou de um PSDC com um PTdoB. Mas essas ‘uniões instáveis’ se darão às pencas nas Câmaras de Vereadores – e nos gabinetes do Poder Executivo de  5.570 municípios brasileiros após essas eleições de 2016. E se eram 32 siglas em 2014, agora são 35 os partidos.

Outro aspecto: atentamos – para tentar entender – o que se seguia às inserções de rádio nesta campanha para a prefeitura de Niterói. Após o texto dito ‘normal’, vêm ditas, atropeladas, as siglas componentes das coligações – para as quais a legislação eleitoral exige citação individual de cada agremiação participante. O espetáculo é deprimente. Ouça aqui. Pior do que aqueles comerciais de automóvel nos quais não se consegue ler as letras miúdas – de tão rápido que se sucedem na telinha da TV –, ou o texto dito ao final dos anúncios de medicamentos – em que a voz dos locutores é comprimida para caber no tempo, num exercício de ‘ficção ideo-audiológica’ total.

‘Apocalipse now’

A existência de uma absurda ‘coalizão’ (termo predileto de George W. Bush) está na raiz da atual crise política nacional, a qual desaguou em um processo de impeachment (para alguns, e golpe para outros). A necessidade de reforma é urgente, mas custa crer que será levada a efeito por aqueles que se beneficiam do atual sistema eleitoral.

Manoel Marcondes Machado Neto, Conrerp1, Reg. 3474, cofundador e diretor-presidente do OCI, é o responsável pela pesquisa.

Sobre Marcondes Neto

Bacharel em Relações Públicas pelo IPCS/UERJ. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP, sob a orientação de Margarida Kunsch. Professor e pesquisador da Faculdade de Administração e Finanças da UERJ. Editor do website rrpp.com.br. Secretário-geral do Conrerp / 1a. Região (2010-2012).