"Não me peça dada a única coisa que tenho para vender". Cacilda Becker.

O Conferp – Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas – anunciou (na última semana do segundo ano da atual gestão) a “grande novidade” da carteira de identidade profissional (“smartcard”) para 2015, um projeto pronto desde o último ano do mandato anterior, de Flávio Schmidt (2012).

Na falta de qualquer outra realização (a não ser a vexaminosa tentativa de “implosão” do próprio Sistema Conferp-Conrerp – com a impropriedade da “atualização” da Lei 5.377), o Conferp dá prova de três anos jogados fora sob qualquer parâmetro de gestão que se queira invocar. E ainda comete a temeridade de abrir mão de receita! Receita – de 7.500 reais – legítima! “Oferecendo” uma “gratuidade” (da taxa regulamentar de 75 reais) para “os 100 primeiros que requererem a nova carteira de identidade profissional”.

Ora, a implementação do novo documento é compulsória, uma vez que nossa carteira atual é absolutamente vulnerável a grosseiras falsificações – tanto que sua sistemática foi alvo do projeto de modernização conduzido pelo conselheiro federal Marcelo Gentil (no mandato 2010-2012), junto ao Conselho Federal de Contabilidade – que serviu de “benchmarking case”.

Todos nós, profissionais de relações públicas, teremos que requerer a nova identidade. Sendo, isto, compulsório, e incorrendo – sua operação (em cada Região) em custos (a emissão de cada carteira onerará cada Conrerp e, por conseguinte, o Conferp), como pode o Conferp “abrir mão” dessa receita?

Com base em quê? Sentimento de “culpa” pela inação recente? Sentimento de “culpa” pela incompetência?

Como foi proposto? Como foi aprovado?

O que é isto? Lógica de varejo numa autarquia federal de fiscalização profissional? Lógica de promoção de rádio para “os primeiros ouvintes que aparecerem”?

Que entidade pode ser considerada séria assim procedendo? Dando, de graça, aquilo que se constitui em sua principal fonte de receita? Absurdo total!

Não compete a um Conselho Profissional distribuir benesses sob qualquer justificativa!

Como pode uma gestão, no exercício do mandato, colocar em risco a saúde financeira do próprio Sistema, abrindo mão de receita numa quadra especialmente difícil, em que a 1a. Região, por exemplo, recorre a doações para fechar as contas?

Alguma coisa está muito fora da ordem nesta gestão do Conferp. Há um inadequação monumental de conduta! Um belíssimo exemplo daquilo que NÃO deve ser a gestão de um órgão que é, afinal, um regulador, e que deveria – no mínimo – dar bons exemplos.

Sobre Marcondes Neto

Bacharel em Relações Públicas pelo IPCS/UERJ. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP, sob a orientação de Margarida Kunsch. Professor e pesquisador da Faculdade de Administração e Finanças da UERJ. Editor do website rrpp.com.br. Secretário-geral do Conrerp / 1a. Região (2010-2012).