Imagem de marca também comunica...

O samba do branco doido

… institucionalmente.

Falta criatividade aos gestores do IPEA. E a imagem de sua marca está sambando…

Não bastasse o abalo de imagem institucional sofrido em junho último quanto aos dados que produz e oferece a estudiosos (relembre o caso), agora é mais esta “notícia” (de março último!) que hoje chega (via jornal O Globo) sobre um “show de mulatas” contratado pelo órgão para fazer o refrigério do 6o. Forum Acadêmico do BRICS. O antes respeitável Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada oferece-se – nos últimos tempos – à desconstrução de sua própria imagem.

Instituições públicas, mesmo aquelas mais “distanciadas” do cidadão comum, tais como IBGE e IPEA, também precisam zelar – além da acuracidade de seu trabalho – por sua imagem pública.

A liderança do órgão, por sua vez, quer desconstruir o desastre de sua escolha – oferecer glúteos rebolativos aos “gringos” pesquisadores convidados ao evento realizado no Rio de Janeiro – como pode ser visto na matéria publicada pelo UOL (http://fernandorodrigues.blogosfera.uol.com.br/2014/10/03/servidores-do-ipea-protestam-contra-show-de-mulatas-em-congresso-academico/).

A “miopia gerencial” é uma lástima!

No passado, tentando organizar um encontro entre “autoridades” do Turismo e da Cultura, no mesmo Rio de Janeiro, fiquei frustrado com a mente “curta” dos nossos administradores de hotéis, agências de viagens, bares e restaurantes. Convidados a apoiar iniciativas de cultura, tais como audições de compositores brasileiros no – charmosíssimo – auditório da Casa de Rua Barbosa (o passeio pelo museu-casa e pelos jardins seriam aqueles “plus a mais”), os “empresários” recusaram-se. Não conseguiam “visualizar” vantagem se um “turista de dois dias” ficasse mais um (significando, isto, obviamente, mais uma diária de hotel, mais traslados, mais refeições e mais compras) por causa da inclusão de um programa cultural “inesperado” em seu roteiro. Preferiam deter-se “naquilo que já dá certo”: rodízio na churrascaria Plataforma, ensaio de escola de samba e Cristo Redentor. O clássico artigo “Marketing Myopia” de Theodore Levitt passava longe deste triste trópico, mas já vislumbrava o nosso tosco marketing “tipo samba do branco doido”.

Sobre Marcondes Neto

Bacharel em Relações Públicas pelo IPCS/UERJ. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP, sob a orientação de Margarida Kunsch. Professor e pesquisador da Faculdade de Administração e Finanças da UERJ. Editor do website rrpp.com.br. Secretário-geral do Conrerp / 1a. Região (2010-2012).