A pena é de aluguel. Mas a consciência já está vendida.


Não é segredo para ninguém a militância cega dos editorialistas dos nossos jornalões, mas este editorial de ontem… n’O Globo, não dá para deixar passar sem, ao menos, um comentário…

Primeiro pelo tom e título (apesar de professorais) errados: “A midia… (assim mesmo, sem o acento da “tropicalização” da palavra inglesa media) … na democracia”.

Parece que vai se pronunciar um arauto da verdade sagrada… Claro… as páginas de opinião dos jornalões constituem genuínos púlpitos para o esclarecimento das massas…

E já que incorremos, nesse OCI, nos bônus e ônus de trabalhar quotidianamente no mister da docência, ajudando a formar futuros errepês, jornalistas e publicitários, “avaliemos”:

Primeiro erro:

Apesar de admitir que, na mídia, “erros acontecem”, quanto a isenção e espírito público… o autor esquece-se de que o instrumento de cobrança do direito de resposta não mais existe em lei específica – o que joga o cidadão e a organização chafurdados em mentiras nas malhas do nosso lerdo e ineficaz judiciário… e o editorialista ainda defende que a “má imprensa” (embora não explique o que é isto) seja submetida (já o é, por óbvio) à legislação que toca à calúnia, à difamação e ao escândalo sensacionalista… ou seja, neste Brasil, melhor esperar deitado.

Segundo erro:

Diz que o ministro Paulo Bernardo “propõe-se a enfrentar o problema, com o estabelecimento de um novo sistema de regulação…”. Falso: o atual ministro das Comunicações, como todos os outros que o antecederam, desde ACM, não se propõe a enfrentar a urgente questão de rever o marco regulatório (já podre de velho, de 1962) das comunicações no Brasil.

Terceiro erro:

Diz que “regulação é um termo vago – cuida diretamente do direito de resposta…”. Falso: regulação é um termo jurídico muito conhecido dos legisladores e da sociedade brasileira (que usa muito bem o PROCON, a Anatel, a Aneel, quando seus direitos de consumo são vilipendiados), e não tem nada a ver com direito de resposta, mas sim a direito de propriedade de veículos, direito a concessões públicas de rádio e TV, direito – ou não – à concentração de capital, poder e mercado (situações de monopólio e/ou oligopólio) nas mãos de uns poucos.

Quarto erro:

Diz que “… propõem um chamado marco regulatório – expressão vaga, que na prática significa uma mal disfarçada forma de censura à imprensa”. Falso: marcos regulatórios não são – e nem podem ser – vagos; afinal, quem quer meia ligação telefônica completada? Ou o direito de tirar do ar (via o sempre elogiadíssimo CONAR, claro) meio comercial sexista?

E quem falou em censura, senão o próprio editorialista?

É preciso desmascarar esses falsos praticantes daquilo que eles próprios – e muito bem pagos escribas (ao contrário de seus coleguinhas de redação, que tentam fazer jornalismo e não apologia dos patrões) dizem em seus panfletários textos (recomendados pelos chefes). Ao contrário do que afirmam, como ontem, não praticam “a isenção e o espírito público”.

Ora, temos ali um caso exemplar da falta de isenção e do abuso, já crônico – porque repetitivo – do “direito” privado, voltado a interesses particulares (dos sempre mesmos proprietários do “ar”, das rotativas e, agora, da “infra” da web).

É como naquela estória, velha conhecida das faculdades de Comunicação: 

O editor, naquele sábado morno, diante de uma matéria “caída” da pauta para a edição do domingo, pede ao “velho homem de imprensa” (imaginemos uma figura à la Agamenon Mendes Pedreira), escondido lá no fundo da sonolenta redação (invoquemos os ambientes jornalísticos descritos por Nelson Rodrigues), que escreva um artigo sobre Deus…

Ao que retruca, “cansadamente” o setorista de plantão:

– Contra ou a favor?

Pano rápido.

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Sem crise. Melhor tempo para se pensar em relações públicas…

Veículo: O Jornal do Brasil (on-line) – 04/04/2013
Título: Príncipe Harry nomeia seu primeiro secretário privado
Fonte: Agência ANSA

LONDRES – O príncipe Harry, terceiro na linha de sucessão à Coroa britânica, nomeou seu primeiro secretário privado, um ex-oficial do Exército e ex-executivo de uma empresa de relações públicas; Edward Lane Fox.

Harry, de 28 anos, terá como seu braço direito alguém que foi capitão da Cavalaria Real e combateu nas guerras da Bósnia e do Iraque. O novo secretário começará seu novo trabalho com o príncipe em junho, quando Harry retorna de uma viagem aos Estados Unidos.

Até agora, o segundo filho do príncipe Charles e da falecida Lady Di, dividia o secretário privado com seu irmão, o príncipe William e sua esposa, Kate Middleton. Um porta-voz do Palácio Real informou que Fox e o príncipe Harry já se conheciam anteriormente, e chegaram a trabalhar juntos na The Burnaby Blue Foundation, um grupo beneficente em Lesoto.

COMENTÁRIO DO OCI – Marcelo Ficher

Não é surpresa que um integrante da realeza precise de um profissional para ajudá-lo a cuidar de sua imagem. Bom é vê-lo fazer isso mesmo que não haja nenhuma ameaça iminente à sua reputação.

Prevenir é muito melhor, e o trabalho de longo prazo sempre é mais frutífero do que intervenções no olho do furacão.