"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música". Nietzsche.

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Há quarenta anos, em Portugal, terminava uma das mais longas e cruéis ditaduras do século XX, o regime salazarista, que havia continuado mesmo depois da morte do ditador.

Foi bonita a festa da chamada Revolução dos Cravos, pá! Vivi lá, no primeiro ano, ano e meio, e foi a vivência mais próxima de um sonho que se tornara possível.

Felicidade e esperanças nas ruas, nos olhos, nos lábios.

Foi meu último período de exílio e, acho, o mais emocionante.

Depois, chegou a direita. Cavaco Silva implicou com os brasileiros. Achou que, chegando à União Europeia, a classe operária iria ao paraíso.

Não foi, e Portugal se reaproximou de nós.

Hoje, mesmo mergulhados na crise, os portugueses ainda levam na alma as esperanças de 4 décadas atrás.

Eu também.

Foto: Bruce Grante.

Sobre Marcia de Almeida

Jornalista, escritora, roteirista, videomaker e militante da cidadania. Carioca de Botafogo, e botafoguense de coração, escreveu 4 livros de ficção e foi por muito tempo correspondente internacional, quando cobriu a guerra da Bósnia. Integra a Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ e, assinou mensalmente, por dois anos, no Caderno RAZÃO SOCIAL d’O Globo, a coluna Razão & Cidadania, abrangendo temas relacionados a minorias: LGBTs, pessoas com deficiência, ciganos, racismo, vítimas de intolerância, preconceito etc.