Blindheit über alles! - parte 5.

Uma mentira repetida milhares de vezes no intervalo mais caro da TV brasileira… continua sendo… uma mentira.

Ou muitas… como desvela a entrevista concedida pelo CEO da pirata Uber ao jornal O Globo na edição de hoje (quando se vota no Senado Federal a regulação – ou não – da ilegalidade que este senhor comanda ao lado de seus ‘concorrentes’ no setor do transporte individual de passageiros) à página 11 (detalhe: o ‘entrevistador’ não tem nome, mas talvez seja o autor da matéria ‘reco’ – de ‘recomendada’ pela chefia – sobre o Uber, João Sorima Neto):

COMENTÁRIO

Às mentiras que o CEO da pirataria proferiu:

Direito dos consumidores

Se este senhor soubesse o que é Direito, não articularia tal frase. Não existe Direito numa atividade francamente irregular, ilegal, que explora incautos (quem já dirigiu por 50% da tarifa estipulada pelos municípios e entregando 25% da féria bruta a quem nem sabe onde fica, sabe que é insustentável a atividade – gerando mais dívidas a quem pensa que está ‘trabalhando’ para ganhar a vida…) e não atende – para quem a utiliza – aos mínimos padrões de segurança aceitáveis numa sociedade civilizada.

Força da tecnologia

Que tecnologia? Chamar um carro por smartphone? Pagar com cartão de crédito? Isto foi criado por empresa de táxis. Trabalhar sem as garantias mínimas legais dos países em que opera? Gerar o maior lucro bruto do planeta? Explorar mão de obra farta e barata? Não, obrigado. Dispensamos tal ‘tecnologia’.

Um mercado saudável e onde há inovação

Embora não pareça, esta afirmação é feita sobre o Brasil – país recordista (ao contrário) em número de patentes e em trabalho análogo à escravidão (que Uber reinventa e promove a peso de ouro – ‘inovando’…). E o cidadão ainda cita… ‘nossos 500 mil motoristas’. Espero que todos esses, explorados que são, procurem a Justiça do Trabalho – como aconteceu recentemente na cidade de Londres e na província de Quebec, no Canadá, banindo os piratas.

O Brasil é o segundo mercado para nós

Claro… e, aí, uma verdade. Perverso como um fundo de investimentos abutre (que, aliás, é), Uber busca países cuja economia esteja em crise – ambiente ideal para vender sua falsa promessa de ‘Ganhe XXX dinheiros por dia’.

Somos um modelo de transporte de baixo custo. Somos grandes empregadores. Estamos agregando à economia

Baixo custo para quem, cara pálida? Talvez para quem ‘empregue’ sem empregar de fato. E o custo ambiental de colocar uma frota que quintuplica a de táxis rodando nas cidades? E a piora do trânsito, agrega o que? As pessoas se submetem a Uber sem qualquer vínculo ou garantia. Diante de uma ‘avaliação’ ruim podem ser ‘desligadas’ sumariamente. Com crises individuais quaisquer, ‘morrem’ 30 explorados… e surgem outros 60 em seu lugar. Motoristas sucumbem como moscas e Uber quer se vender como algo ‘cool’? É preciso dizer: se alguém tem vantagem (Uber é uma universalização da Lei de Gerson), esta ‘vantagem’ se dá não sobre um patrão, um governo corrupto ou uma autoridade fiscal, mas única e exclusivamente sobre um semelhante, um irmão, um concidadão.

A estratégia é dizer a verdade

Piada pronta. Se for dita a verdade, este CEO terá que pedir proteção policial para se dirigir ao aeroporto na hora de embarcar para seu destino.

Preços são transparentes

É… que o digam os usuários da tal ‘tarifa dinâmica’…

Este OCI já denunciou, algumas vezes, este genuíno lobo em pele de cordeiro. Relembre: (1), (2), (3), (4).

P. S.: Será que o generoso espaço concedido para esta entrevista n’O Globo tem alguma relação com as inserções comerciais de 30 segundos (a R$ 1.007.000,00 cada uma) feitas em horário nobre na emissora do mesmo grupo?

Sobre Marcondes Neto

Bacharel em Relações Públicas pelo IPCS/UERJ. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP, sob a orientação de Margarida Kunsch. Professor e pesquisador da Faculdade de Administração e Finanças da UERJ. Editor do website rrpp.com.br. Secretário-geral do Conrerp / 1a. Região (2010-2012).