E continua a polêmica sobre "imposturas intelectuais"...

N’O Globo, de hoje (por Cesar Baima):

http://oglobo.globo.com/ciencia/empresa-aponta-possivel-fraude-em-periodicos-cientificos-brasileiros-9722072

Em Carta Capital desta semana (edição 763 – 28/08/2013), por Thomaz Wood Jr.:

Mais sobre este tema: http://www.nature.com/news/brazilian-citation-scheme-outed-1.13604

COMENTÁRIO DO OCI – Marcelo Ficher

Todos os acontecimentos recentes mostram, em minha opinião, que somente as políticas de “tolerância zero” serão capazes de reverter a tendência de piora da qualidade da atuação social dos indivíduos.

Premidos pelo imediatismo, pela necessidade de se destacar para sobreviver profissionalmente e pelas pressões por resultados em todas as áreas, as pessoas parecem cada vez mais dispostas a ignorar as consequências de seus atos. Começa pequenininho, como uma exceção ou medida de emergência. Mediante a ausência de consequências, os sistemas de vantagens matreiras avançam em quantidade e volume de recursos, até se tornar uma mina de ouro, como é o caso.

Na infância, tratava-se de uma ação entre amigos. Um pesquisador escreve um artigo e vários assinam. Cada um que escreve, todos assinam, multiplicando artificialmente a produção acadêmica de todos, gerando “benefícios” para todos, inclusive a instituição, premida pelo produtivismo das agências de fomento para a classificação dos cursos. Assim, se fez vista grossa para o que, na verdade, é uma fraude.

Agora, a fraude amadureceu e ganhou volume e contornos capitalistas, sem qualquer benefício aparente, exceto para os envolvidos – antes, apesar do inchaço de autores, os artigos eram de verdade.

Essas publicações deviam trazer um alerta, como os que estão na verso dos cigarros, de que não há níveis seguros de consumo desses “conhecimentos”, se é que se pode usar o termo nesses casos. Desse modo, ao oferecer como alternativa o endurecimento radical das sanções aos desvios, é a aposta de que carrega em si a possibilidade (mas não a garantia) de minar no nascedouro esses truques “inocentes”, antes que o dinheiro forte encontre o caminho. Porque, aí, não tem mais volta.

A ganância é uma doença sem cura.

Sobre Marcondes Neto

Bacharel em Relações Públicas pelo IPCS/UERJ. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP, sob a orientação de Margarida Kunsch. Professor e pesquisador da Faculdade de Administração e Finanças da UERJ. Editor do website rrpp.com.br. Secretário-geral do Conrerp / 1a. Região (2010-2012).